Sunday, March 05, 2006


A minha orquestra RAMUZE...

Esta manhã de Domingo difere de todas as manhãs no decorrer de três anos aqui em Tilburg. Os pássaros chilream lá fora e há um silêncio agradável de Domingo. O sol brilha mas a neve cobre as estradas das bicicletas... e eu cá dentro sinto um vazio grande! Cheguei de uma viagem longa, um percurso de uma hora e meia que fiz durante três anos, Leiden-Tilburg. Os ensaios começavam as 10.30. O Bert, o Jan e a Rith recorriam-me da estação e levavam-me de carro ao local de ensaio. Com a sua simpatia habitual davam-me um "Goedemorgen" e iniciava-se sempre uma agradável conversa.

A orquestra desde o princípio me recebeu bem, sempre interessados nos meus conhecimentos, sempre acreditaram em mim, apoiaram-me em momentos difíceis... O maestro, Stephan Pas, sempre me deu muito crédito. Muitas vezes tinha de fazer ensaios de cordas e até várias vezes tive de dirigir a orquestra. Recebia aplausos porque aquela gente viu-me progredir a todos os níveis, tanto profissional como pessoalmente. Quando lá cheguei era uma menina ainda nos seus 19 anos, com medos e inseguranças, todos eram muito mais velhos que eu, e eu tive de aprender a impor-me, sempre com muito respeito e humildade. Aprendi muito com eles e sei que o meu sentido de responsabilidade foi-se tornando o meu aspecto mais forte.

Sim, ontem começou uma última fase da minha estadia pela Holanda. Decidi que teria de parar com estas viajens semanais para dedicação total para o meu exame final que é a 9 de Junho. O último acorde da sinfonia de Haydn foi arrepiante, soou como despedida e senti que todos me olhavam já com um saudosismo holandês. O maestro agradeceu-me por tudo o que por eles tinha feito, o público batia palmas com muita força e eu sentia uma tristeza pela efemeridade da vida. Deram-me um bonito ramo de tulipas e depressa me dirigi ao camarim. Não consegui conter as lágrimas e o Hans decidiu fazer-me uma homenagem e presentearam-me um livro "Icons of the Netherlands - The Dutch, I presume?" um livro que fala acerca de aspectos que marcam a cultura holandesa, fizeram um discurso e eu não conseguia controlar a tristeza que sentia expressado-a com lágrimas... Eu agredeci-lhes tudo o que tinham feito por mim e disse-lhes que iria sentir saudade deles... O rob, meu companheiro de estante, ofereceu-me uma garrafa de vinho do porto 10 anos, e vieram todos despedir-se, todos ficaram obviamente com o sal das minhas lágrimas... algo que não pude evitar!
Perdi o comboio de regresso a casa, fomos beber algo a um bar, mais e mais despedidas e fiquei hospedada na casa da Aline que, hoje às 10.00 horas da manhã me levou à estação...
E assim se deu mais uma despedida dolorosa... as pessoas mais gentis e boas que conheci aqui na Holanda! Sei que eles não percebem este texto em português mas quero deixar aqui um grande bem-haja a todos ditado pelo que há de mais sincero no meu inteiro Ser!

1 Comments:

Blogger Ricardo Azevedo said...

Apesar de difícil, acho interessante que em Março estás a começar-te a despedir aos poucos da Holanda... Um pouquinho aqui, outro ali... Deve ser muito dificil, mas como nada é eterno, tens que te aguentar!
Guarda apenas as boas recordações desse lugar e das pessoas que te viram amadurecer! É o maior conforto que te posso dar!

9:14 AM

 

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